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quarta-feira, 22 de maio de 2019

"OS SERTÕES DE EUCLIDES DA CUNHA" LEITURA RECOMENDADA


   Escrito há mais de 100 anos, por Euclides da Cunha, Os sertões reúne, em 600 páginas, conteúdos literários, históricos, sociológicos, geográficos, geológicos e antropológicos. Saudado como reportagem, narrativa heróica, poema-épico ou ensaio, num aspecto, pelo menos, os estudiosos da obra concordam: é um livro enciclopédico, extraordinário, um clássico, enfim, de leitura obrigatória.

 "Aquela campanha lembra um refluxo para o passado. E foi, na significação integral da palavra, um crime. Denunciemo-lo.” Essas palavras de Euclides da Cunha, escritas para as Notas Preliminares de Os sertões, deixam claras as intenções do autor ao publicar o livro: denunciar o massacre dos seguidores do beato Antônio Conselheiro, entrincheirados no arraial de Canudos, no interior da Bahia, praticado pelo Exército Brasileiro, entre agosto e outubro de 1897. Euclides viu tudo com os próprios olhos, como correspondente de guerra do jornal O Estado de S.Paulo.
  O acordou famoso”.“LIVRO ENCICLOPÉDICO”Apesar do sucesso, até hoje se discute a que gênero pertence a obra. Para alguns, é uma grande reportagem, para outros, uma narrativa heróica. Há, ainda, quem o considere um poema-épico ou o descreva como um ensaio. Na verdade, Os sertões pode ser tudo isso. “É um livro enciclopédico”, resume o historiador José Leonardo do Nascimento, do Departamento de Artes Plásticas do Instituto de Artes da UNESP, campus de São Paulo. “Ele abarca conteúdos literários, históricos, sociológicos, geográficos, geológicos, antropológicos”.
  Para o historiador e cientista político Marcos Del Roio, do Departamento de Ciências Políticas e Econômicas da Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC) da UNESP, campus de Marília, Os sertões é um livro extraordinário. “Não só pelo conteúdo e realismo, mas pela descrição que faz de um movimento camponês”, explica. “É extraordinário, porque a literatura e a historiografia da época, e até recentemente, ignoravam as classes subalternas. Euclides colocou essa novidade, os miseráveis, no cenário literário e histórico nacional.”

  Na opinião do historiador Jean Marcel Carvalho França, do Departamento de História da Faculdade de História, Direito e Serviço Social (FDHSS) da UNESP, campus de Franca, a obra-prima de Euclides da Cunha é o primeiro tratado sociológico do Brasil. “O livro coloca no cerne da discussão nacional esse Brasil impermeável à civilização, que é o sertão”, comenta. “Os sertões revela o espanto do autor, acostumado ao Brasil da Capital, diante de um interior que ele desconhecia. Uma região abandonada, sem a atenção do Estado, sem os influxos civilizatórios da Europa.”


GENTE RUDE, MISERÁVEL

  Segundo França, era crença corrente entre a intelectualidade da época, concentrada no litoral do País, que, mais cedo ou mais tarde, o Brasil acabaria se civilizando, devido às influências externas, principalmente as vindas da Europa. Ao chegar ao sertão, Euclides deu de cara com um outro País, uma outra gente, rude, miscigenada, miserável, que, para ele, provavelmente, jamais seria civilizada. “É o choque do Brasil do interior com o Brasil litorâneo”, explica o historiador. “Isso, de certa forma, mudou a maneira de muita gente encarar o Brasil. Os sertões é um livro decisivo para entender como a inteligência brasileira passou a pensar o País.”
  Para a também historiadora Lidia Vianna Possas, colega de departamento de Del Roio, a obra euclidiana pode ser inserida no lento processo de redescoberta do Brasil, das coisas brasileiras. “Os sertões é um marco para os intelectuais e artistas do modernismo”, diz Lidia. “Principalmente para os do movimento paulista na década de 20, que viram na narrativa meticulosa, apesar de sua grande preocupação técnica, a projeção real e ao mesmo tempo crítica de um retrato do sertanejo nordestino, muito longe das idealizações até então feitas.”Mais.
      Ainda de acordo com Lídia, o livro revela toda a plasticidade do sertanejo, sua capacidade de se adaptar ao meio, de tal forma interativa, rebelde e criativa, que rompia com a idéia disseminada que se tinha dele. “Além disso, recolheu, com muita precisão, o falar do sertão, as expressões peculiares dos jagunços, apontando com certa estranheza para a fala local e para as constantes movimentações de um povo vagante.” A historiadora Teresa Malatian, colega de França na FDHSS, em Franca, também ressalta a importância do livro de Euclides. “Os sertões é um clássico e um ícone dos estudos euclidianos, uma referência obrigatória”, explica. “A obra abriu indagações ainda hoje percorridas por pesquisadores, tais como as razões que levaram milhares de pessoas a se colocarem sob a condução de um leigo pregador, o teor de suas prédicas, o estatuto do imaginário popular e, neste, o papel do monarquismo sebastianista e, sobretudo, a persistência dos movimentos messiânicos no Brasil.
MESSIANISMO SUBVERSIVO
  Nesse sentido, segundo Teresa, Os sertões é leitura obrigatória. “Para historiadores, sociólogos, antropólogos e para todos os que procuram compreender a multissecular falência dos trabalhadores rurais em suas tentativas de construção de projetos alternativos à ordem do coronel, alicerçada na rede de poderes que envolve Estado e proprietários rurais.
  ”O episódio central – a epopéia de Canudos –, retratado em Os sertões, revelaria, de acordo com Teresa, “o poder subversivo dos movimentos messiânicos de camponeses”, como, aliás, demonstrou A Guerra do Fim do Mundo, de Mario Vargas Llosa, nele inspirado. “Esse poder extrapola a dimensão do episódio local, para se espraiar profundamente na ordem constituída, como ameaça de desagregação”, diz a historiadora. “A exemplo do que se verifica hoje com o MST, em suas cores de um misticismo redivivo.”

  Para Del Roio, Canudos não foi, nem poderia ter sido, uma revolução camponesa. “Naquela situação, os camponeses só poderiam ser mobilizados com alguma forma de messianismo religioso como de fato o foram”, explica. “Com a opressão, o baixo desenvolvimento do capitalismo e a pequena densidade populacional, não havia como eclodir uma revolução, como a que ocorreria no México cerca de 20 anos depois.”
  Segundo Del Roio, apesar de não ter promovido exatamente uma revolução e ter sido derrotado, Antonio Conselheiro e seus seguidores deixaram herdeiros. “O movimento que vem desde os quilombos, passando por Canudos e pelo Contestado [conflito armado entre Exército e camponeses, que ocorreu no oeste de Santa Catarina e Paraná, entre 1912 e 1916], é representado hoje pelo MST”, diz o historiador. “Embora não partilhe o messianismo, o MST comunga a mesma idéia de instalar uma sociedade baseada na agricultura familiar e com uma visão cooperativista.”

Antes de tudo, um infeliz

  Órfão na infância, foi expulso do Exército e morto pelo amante da esposa. Se o sertanejo é, antes de tudo, um forte, o autor dessa definição, Euclides da Cunha, foi, acima de tudo, um infeliz. Nascido em 20 de janeiro de 1866, no arraial de Santa Rita do Rio Negro, hoje Euclidelândia, no interior do município de Cantagalo, no Estado do Rio de Janeiro, Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha ficou órfão aos três anos, quando sua mãe, Eudóxia Moreira da Cunha, morreu de tuberculose, doença de que ele próprio viria a sofrer mais tarde.

  Com a irmã mais nova, Adélia, ele passou a ser criado pelo tios, Urbano e Rosinda Gouveia, em Teresópolis (RJ). Não por muito tempo. Em 1870, tia Rosinda também morreu. Ele e a irmã passaram então aos cuidados de outra tia, Laura Moreira Garcez, em São Fidélis. Em 1877, nova transferência, desta vez para Salvador, onde foi viver com os avós maternos. As constantes mudanças fizeram com que Euclides pulasse de um colégio para outro, até que, em 1886, aos 20 anos, ingressasse na Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio, como cadete. Dois anos depois, no entanto, foi expulso devido a um gesto de rebeldia contra a Monarquia: durante um desfile, saiu da formação e jogou sua baioneta aos pés do ministro da Guerra, Tomás Coelho.
  Já adulto, Euclides continuou sua peregrinação. Morou, entre outras cidades, em São Paulo, Rio de Janeiro, São José do Rio Pardo (no interior de São Paulo, onde escreveu Os sertões), São Carlos (SP), Lorena (SP) e Manaus. Profissões, também exerceu várias: foi militar, funcionário público, engenheiro, jornalista e escritor, entre outras ocupações.
  Conheceu aquela que viria a ser sua mulher, Anna Ribeiro, em dezembro de 1889, na casa dela, pois era amigo de seu pai, o major Sólon Ribeiro. Casaram-se dez meses depois, em 10 de setembro de 1890. Ele tinha 24 anos, e ela, 15. Tiveram registrados seis filhos, dois dos quais não eram dele, mas do amante da mulher, o cadete do Exército.
Dilermando de Assis. Euclides sabia da traição, mas nunca aceitou o pedido de separação. Preferiu conviver com o ciúme da mulher e o ódio ao rival. Na manhã de 15 de agosto de 1909, afinal, foi à casa de Dilermando, no bairro da Piedade, no Rio, invadiu seu quarto e disparou cinco tiros. Errou todos. O amante da mulher, atirador exímio, reagiu e feriu de morte Euclides, que ainda conseguiu dar alguns passos até o jardim da casa, onde tombou para sempre.
  Saiu da vida depois de já ter entrado para a História. Cinco anos depois, seu filho Euclides da Cunha Filho, o Quidinho, tentou vingar o pai e teve o mesmo fim: morreu pelas mãos de Dilermando.

SIGNIFICADO DE ÉTICA E MORAL

    No contexto filosófico, ética e moral possuem diferentes significados. A ética está associada ao estudo fundamentado dos valores morais que orientam o comportamento humano em sociedade, enquanto a moral são os costumes, regras, tabus e convenções estabelecidas por cada sociedade


    Os termos possuem origem etimológica distinta. A palavra “ética” vem do Grego “ethos” que significa “modo de ser” ou “caráter”. Já a palavra “moral” tem origem no termo latino “morales” que significa “relativo aos costumes”.
    Ética é um conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do comportamento humano ao tentar explicar as regras morais de forma racional, fundamentada, científica e teórica. É uma reflexão sobre a moral.
  Moral é o conjunto de regras aplicadas no cotidiano e usadas continuamente por cada cidadão. Essas regras orientam cada indivíduo, norteando as suas ações e os seus julgamentos sobre o que é moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau.
   No sentido prático, a finalidade da ética e da moral é muito semelhante. São ambas responsáveis por construir as bases que vão guiar a conduta do homem, determinando o seu caráter, altruísmo e virtudes, e por ensinar a melhor forma de agir e de se comportar em sociedade